Na origem da palavra, bife é uma corruptela do inglês beef ou mesmo do francês boeuf, que significa boi. “Tem origem no latim bos e mesmo no grego bous”, explica Sandro Dias, professor de gastronomia. “Os alemães o chamam de rindfleische; os países de língua inglesa de steak”, complementa o pesquisador.
Tecnicamente, o bife trata-se de uma fatia de carne bovina, frita, cozida ou grelhada e temperada (antes ou depois) e que, naturalmente, também pode ser obtida de qualquer outra carne. Mas quando se fala em bife, pensamos mesmo é no bife bovino.
Da era medieval à etiqueta dos mosteiros
Mapear a origem do bife é uma tarefa que pode nos levar à Idade Média, quando os mestres trinchadores eram muito prestigiados. “O ato de trinchar a carne com maestria, manejar a espada numa batalha ou mesmo sacrificar um animal (ou ainda outro homem) eram habilidades desejáveis a qualquer cavaleiro ou nobre”, conta o professor de história.
Mesmo antes, na Antiguidade romana, a profissão de açougueiro já era regulamentada e seu papel nas guerras de conquista era imprescindível para a restauração das legiões romanas. Outro exemplo é a prestigiosa casta da Grande Boucherie, entre os franceses. “Eram açougues autorizados pelo rei para comercializar os cortes de carne”, ressalta Sandro. A primeira dessas casas data do ano de 1096, na cidade de Paris, cujas normas e obrigatoriedade do uso de balanças seriam normatizadas por volta do século XVI.
Outra contribuição para a difusão do costume de comer bifes vem dos mosteiros medievais. “Os monges eram incentivadores das boas maneiras à mesa, condenando tudo aquilo que se assemelhasse a um comportamento rude, típico dos homens das armas, que costumavam comer com o mesmo punhal que usavam nas caças ou nas batalhas”, compara. No interior é que nasce o arredondamento da ponta das facas utilizadas à mesa.
Sinônimo de fartura
Do exagerado Kobe beef ao grandioso bife Chateaubriand, o preparo sempre foi valorizado. “O consumo de carne em muitos países é sinônimo de status e fartura, nunca pensamos nesta prática associada aos contextos de miserabilidade.” Entretanto, historicamente, é o filet que leva a fama de refinado, digno de status. “Este é ‘bife rico’, ‘comida de exceção’, ‘coisa de restaurante’”, justifica.
Mas o bife também pode ter o tom do cotidiano, de refeição maternal suculenta e afetiva, sempre bem-vindo. “Às vezes, surrado pelo martelo da dona de casa com o objetivo de que fique mais macio. O que dizer, por exemplo, de um bife acebolado?”, indaga.
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Fonte: Feed
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